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O Futuro do profissional de comex

O Futuro do profissional de comex

Em um cenário de comércio mundial que tende ao regionalismo, enfrentamos um futuro incerto, somado a transformação digital que já era esperada e a partir de agora vem sem previsão de retorno. Em frente a uma pandemia mundial, o comércio mundial que até 2015 crescia 3% ao ano, se vê a uma recessão e a um retrocesso.

Ensino a distância, trabalho remoto e um ambiente corporativo voltado para projetos são caminhos em volta. Uma das etapas da indústria 4.0, colaborando para um cenário das organizações mais ‘cibernéticas’.

E essa tendência já estava marcada também para o Brasil desde 2015 quando ratificou o acordo de desburocratização dos processos aduaneiros brasileiros. Esse foi um grande marco para o futuro do profissional de comércio exterior. O Portal Único de Comércio Exterior, praticidade nos processos de exportação e uma promessa ainda atrasada na importação vem pra ficar. Outra frente mundial começa a se fortalecer através da Organização Mundial das Aduanas, em uma iniciativa de padronizar as políticas aduaneiras entre os países membros, aliados ao Operador Econômico Autorizado (OEA) como forma de gerenciar os riscos mundiais de toda a cadeia organizacional de comércio exterior.

No Brasil, uma frente inédita de unir sistemas de política aduaneira brasileira desburocratizados e preocupada com a opinião da iniciativa privada tomou forma de trabalho pela Receita Federal Brasileira e já vimos acontecer com a DUE (Declaração Única de Exportação).

Como nós, profissionais de comércio exterior, de toda a cadeia logística, aduaneira, de operação ou estratégico, podemos nos preparar para acompanhar todas essas mudanças?

O profissional de comércio exterior não vai acabar, mas ele vai se transformar. A operação já está passando pela evolução e misturando estratégico com operação. O líder da operação de comércio exterior, cada vez mais, vai precisar entender, além de suas habilidades com legislação, procedimentos e fiscal, muito mais de planejamento estratégico de materiais e tecnologia da informação. Esse profissional terá que desenvolver a capacidade de ‘navegar’ em várias áreas, ser multidisciplinar muito mais na questão de envolvimento estratégico para a empresa. Não somente atento a particularidades de adequação ou não à regimes especiais, mas também ter um papel consultivo nas práticas mais estratégicas para a sua operação no Brasil e também para a América Latina. O profissional de amanhã deve estar preparado para entender legislação aduaneira mundial. Não vai adiantar mais ser exímio conhecedor das práticas brasileiras, ele deverá estar preparado para ser responsável pela operação de desembaraço de qualquer país, estando trabalhando remotamente do Brasil ou de qualquer outro país. Alguns segmentos de mercado já estão nessa prática, inclusive. Um analista argentino é responsável pela operação de câmbio de uma empresa que está sediada no México. Um brasileiro, sediado remotamente no Brasil, é responsável pela operação de importados do Chile, em uma empresa chilena, com prestadores de serviço dessa cadeia toda também não só nacionais. Essa prática já é um fato para empresa ‘transnacionais’ e os profissionais de comércio exterior vão ser ‘transacionais’ também. A habilidade de operar sistemas corporativos e de comércio exterior, de forma ágil, será cada vez mais exigida de nós.

E, assim, cada vez mais habilidades técnicas e emocionais como flexibilidade, agilidade, capacidade de análise rápida e proatividade serão demandadas das corporações para com seus colaboradores.

Um novo tempo para que nós possamos descobrir novas habilidades e talentos em um cenário profissional integrado, e ao mesmo tempo, local.

 

 

Sandra Bassi
Time de Academia eCOMEX | + posts

Sandra Bassi é Training Leader na eCOMEX NSI e Mestre em Economia de Mercados Internacionais formada pelo Mackenzie.  Profissional de Comércio Exterior há 25 anos. Especialista DE, Drawback e OEA.

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