Dentro de um contexto de ampla expansão comercial, a entrada de empresas no mercado LATAM deve vir acompanhada de um alto nível de maturidade operacional.
No último mês de julho, em um encontro de representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e membros da ADMIRA, associação que reúne empresas argentinas de setores importantes, como o metalúrgico e o automotivo, a integração produtiva entre os dois países foi celebrada, sob a figura de um comércio bilateral que tem provocado ótimos frutos econômicos. Mais do que um evento isolado, o fato simboliza, com fidelidade, um momento de grande destaque para o Brasil no cenário LATAM. E claro, hoje, é totalmente plausível credenciar a Argentina como um dos principais parceiros comerciais de nosso país.
Enquanto produtos como veículos automotivos, máquinas, equipamentos e alimentos se destacam na exportação do país para a América Latina, o Brasil também movimenta sua cadeia de importação com gás natural, trigo e demais itens de relevância comercial. Países do eixo LATAM são, inegavelmente, polos atrativos para a chegada de novos negócios.
Para exportadoras e importadoras, movimentar-se em prol da internacionalização da marca é uma medida promissora, principalmente quando o objetivo primário é maximizar os índices de competitividade. Porém, o que muitos gestores deixam passar é a importância de se resguardar o âmbito operacional, a fim de acompanhar diretrizes regionais e contemplar regras específicas, mantendo as operações em um bom ritmo de produtividade e conformidade.
Alta complexidade e burocracia: por que isso é um problema?
Antes de qualquer coisa, partindo do princípio de que todos os países trabalham com suas próprias regulamentações, sejam elas de origem tributária, aduaneira e/ou legislativa, o processo de expandir as operações de Comex para uma região tão extensa como a América Latina é naturalmente complicado. Afinal, se olharmos para dentro, temos um exemplo fidedigno de como o excesso de burocracia e o volume elevado de informações pode travar o desempenho de negócios, criando um ambiente de incertezas e dificuldades. Essa premissa também se faz valer a nível internacional.
Dando continuidade a essa linha de pensamento, junto com o posicionamento de uma empresa com o selo LATAM, surge uma demanda crítica para o sucesso e a consolidação da marca neste novo mercado: a integração de operações. Isso significa, em outras palavras, construir um terreno que permita a adesão a exigências locais, de modo a garantir que o fluxo de processos ocorra com eficiência e compatibilidade geográfica. Para tanto, é fundamental encontrar meios de se materializar essa finalidade, o que não é tarefa fácil, especialmente para organizações com pouca ou até nenhuma expertise sobre o tema.
Presença tecnológica é questão estratégica (e operacional)
Com esse conjunto de desafios colocados para reflexão – e uma lacuna considerável a ser preenchida por parte de importadoras e exportadoras –, o momento é de procurar respostas assertivas. Como outros segmentos importantes, o Comércio Exterior também está sofrendo um processo abrangente de modernização, com a tecnologia servindo de ponto de partida para mudanças incisivas.
Dentro do contexto abordado pelo artigo, a inovação pode ser personificada por um software especializado, que apresente as funcionalidades necessárias para gerir todos os dados, como uma ferramenta de manuseio e, por que não, análise sobre as informações que cercam o Comex na América Latina, oferecendo insights proveitosos para que as melhores decisões sejam tomadas.
Logo, além da conformidade de processos efetivamente agilizados, visto que a empresa terá condições de reduzir a morosidade e controlar suas obrigações tributárias, aduaneiras e/ ou legislatórias, com clareza e precisão, o gestor sinaliza positivamente para a instituição de uma cultura de inteligência analítica, atribuindo muito mais valor estratégico às informações disponibilizadas.
Em conclusão, ao mesmo tempo em que o boom do mercado LATAM tem raízes em um continente que, cada vez mais, confirma seu protagonismo no comércio internacional, esse trunfo mercadológico não é garantia de que resultados positivos serão conquistados, sem que haja uma mobilização interna por mais eficiência, disrupção e conformidade. Se a oportunidade existe, para aproveitá-la e até potencializá-la, é determinante que players do Comércio Exterior entrem, definitivamente, na era digital.
Ramon Batistella
Prata da casa, Ramon, tem mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de projetos, consultoria, desenvolvimento de software, implementação de sistemas, gerenciamento de mudanças e melhorias de processos de negócios em várias funções voltadas para o cliente.