Governo e empresários pressionam EUA por resposta: ‘queremos negociação’

Vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com empresários e afirmou que o sentimento de todos é por maior diálogo sobre as questões comerciais

Após outra rodada de reuniões com empresários de diversos setores da economia, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD) afirmou que as empresas e o governo brasileiro buscam resposta sobre a tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista nesta quarta-feira (16), Alckmin pediu maior diálogo na negociação entre as partes.

“Olha, o que que eu tenho ouvido e acho que esse é um pensamento comum do presidente Lula e dos empresários aqui envolvidos, do setor industrial, do agro, serviços, comércio. Nós queremos negociação. É urgente”, afirmou Alckmin.

Em 16 de maio, com a tarifa comercial em 10% para importações de produtos brasileiros nos EUA, o governo federal mantinha negociações para apresentar os argumentos contrários à taxação, apoiando-se principalmente nos resultados favoráveis aos norte-americanos na balança comercial. Na ocasião, houve resposta sobre a tarifa e o diálogo buscava o entendimento entre os países.

Há uma semana, na última quarta-feira (9), Donald Trump anunciou o aumento da tarifa para 50%, a partir de 1° de agosto. Na perspectiva do governo brasileiro, após a publicação sobre o aumento da taxa de importação a produtos brasileiros nos Estados Unidos, a comunicação piorou e não se obteve mais resposta sobre a tarifa. Desde então, o vice-presidente Geraldo Alckmin promove reuniões com Poder Legislativo e com o setor produtivo.

Além de representantes dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, da Fazenda, de Relações Exteriores, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI) e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SCS), participaram empresários e entidades representativas. Na manhã desta quarta-feira (16), o governo brasileiro enviou nova carta aos EUA pedindo um posicionamento sobre a abertura de negociações sobre o tema.

“Nós queremos trabalhar unidos. Unidos com empresários, trabalhadores, todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que aliás tem empresa brasileira que tem indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas”, comentou Alckmin. “Nós mandamos o documento, foi entregue hoje cedo, então vamos aguardar.”

Prejuízo aos setores produtivos

Após reunião com Geraldo Alckmin, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, respondeu perguntas de repórteres sobre o impacto do aumento tarifário para a indústria, inclusive ao ND Mais. Confira trecho da conversa em reportagem de Henrique Lessa.

Ao longo da entrevista, o presidente da Fiesc afirmou que o setor de manufaturados deve ser o mais afetado. Segundo Mário Cezar de Aguiar, o prazo é pequeno para encontrar novos destinos de bens e serviços produzidos no Brasil e, por isso, é importante encontrar resposta sobre a tarifa comercial imposta pelos EUA.

“Os Estados Unidos é o principal parceiro dos produtos manufaturados do Brasil. Então certamente o prejuízo será enorme, inclusive com desemprego e com paralisação do setor produtivo”, comentou Mário Cezar de Aguiar. “Não há mercado de imediato que suplante essa falta de venda aos Estados Unidos”,

De acordo com o representante da indústria catarinense, a confirmação do aumento da taxa de importação de produtos brasileiros nos EUA impactará principalmente o estado. Aos jornalistas presentes, Mário Cezar de Aguiar argumentou que a economia de Santa Catarina tem caráter exportador e listou os setores madeireiro, de material elétrico e de fundição como os principais afetados pela medida.

Acerca do posicionamento nacional da indústria, Mário Cezar de Aguiar afirmou que a aplicação irrestrita da Lei da Reciprocidade aumentaria ainda mais o prejuízo às cadeias produtivas e, por isso, não aconselha a adoção da medida como resposta sobre a tarifa comercial divulgada por Trump.

“O setor industrial se reuniu e foi unânime. Eu acho que a reciprocidade, a aplicação de uma contra ofensiva não é a melhor maneira de se negociar. Então nós somos pela negociação”, comentou Mário Cezar de Aguiar. “Retaliação não é a medida adequada e certamente essa é a posição do setor industrial.”

Empresas norte-americanas aguardam resposta sobre a tarifa

Ao lado de Alckmin, o presidente da Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham Brasil), Abrão Neto, falou sobre a necessidade de uma resposta sobre a tarifa de 50% da perspectiva das empresas norte-americanas. Segundo Abrão, são quase 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos, com geração de mais 3 milhões de empregos.

“Um sentimento, acho que unânime no setor empresarial aqui no Brasil, é de se buscar a construção de uma solução negociada entre os dois governos e que aconteça de maneira a impedir um aumento tarifário que teria impactos muito severos para a economia brasileira e também para a economia americana”, comentou Abrão.

Em sua página, a Amcham Brasil se posiciona como a maior entidade multissetorial do país e a maior Câmara Americana de Comércio fora dos Estados Unidos. A entidade sem fins lucrativos e apartidária foi fundada em 1919 com objetivo de promover as relações comerciais Brasil-EUA. Na terça-feira (15), a Amcham publicou nota conjunta com a U.S. Chamber of Commerce sobre o aumento da taxa de importação nos EUA e uma possível resposta sobre a tarifa via Lei de Reciprocidade Comercial.

“A U.S. Chamber e a Amcham Brasil solicitam aos governos dos Estados Unidos e do Brasil que se engajem em negociações de alto nível a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%”, afirmam as entidades em nota. “A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos Estados Unidos.”

De acordo com o comunicado da Amcham e da U.S. Chamber, são mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos que dependem de produtos importados do Brasil e outras 3.900 empresas possuem investimentos no Brasil.

Além disso, a nota informa que o país está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos, que fornece à economia brasileira bens e serviços na ordem de US$60 bilhões por ano. Nesse sentido, a entidade afirmou que a negociação precisa avançar para gerar previsibilidade aos empresários em relação à resposta sobre a tarifa comercial de 50% sobre produtos brasileiros.

Fonte: NDmais

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